A vigilia da devassidão

E, como quando eu recolher, talvez a senhora Josefa esteja entregue ao sono da inocência, ou à vigília da devassidão "Os Maias: episodios da vida romantica" Eça de Queiroz

domingo, fevereiro 13, 2005

Dresden

Os Portugueses tem regra geral uma perspectiva verdadeiramente histórica da nossa história. Com um história recente vazia de eventos verdadeiramente marcantes, falamos dos Descobrimentos, da Restauração, eventualmente da Inquisição, invariavelmente no passado. No entanto o peso da história e’ insofismável, e a sua importância por vezes incontornável.

Quando se fala na Arménia, na Yuguslavia, em Israel, nas relações entre os Turcos e os Gregos, etc., a história de um povo tem a capacidade de (emocionalmente) moldar a razão e neutralizar qualquer exercício lógico de boa vontade. Nestas situações os pequenos gestos, por muito simbólicos que sejam, têm um papel essencial na sublimação dos fantasmas passados.

Faz hoje 60 anos que ocorreu o bombardeamento de Dresden. Vazia de objectivos militares, esta operação não passou de um acto de pura vingança. Ninguém e’ perfeito, e nenhum pais tem uma história vazia de atrocidades, mas talvez agora seja a altura certa para as nações aliadas terem a coragem de assumir um erro de consequências trágicas. Nada teria contribuído mais para a ambicionada unidade europeia do que um singelo pedido de desculpas.

2 Comments:

At 10:10 da manhã, Blogger DL said...

Por acaso foi o link do MI que me trouxe aqui, mas o post de Dresden chamou-me a atenção. O Economist traz esta semana um artigo sobre isso, e afinal parece que a cidade não era assim tão vazia de objectivos militares.

"The story of what happened 60 years ago is unchanged, despite research showing it to be wrong. Dresden is seen by many “as a unique and innocent city, which experienced, without warning, a needless and singular act of destruction,” writes Matthias Neutzner, co-author of a new book, “The Red Glow”. The reason, says Mr Neutzner, is that this picture has been so useful. Nazi propaganda created it in the closing months of the war. In the cold war, East German communists turned Dresden into a symbol of American imperialism. Since then it has revived with once-taboo tales of German suffering, such as “The Fire” by Jörg Friedrich."

 
At 9:35 da tarde, Blogger Attila said...

A questão não e’ tanto o facto de Dresden possuir ou não qualquer tipo de importância estratégica para o esforço de guerra da Alemanha. A questão e’ a metodologia usada e a destruição sistemática das estruturas civis de uma cidade. 35000 Mortos (na maioria civis), num espaço de alguns dias, não se obtêm por acaso ou negligencia...

 

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